Wednesday, November 16, 2005

Olho para a flor.
Não posso, desvio o olhar.

Sinto-me como um gato,
Que olha para um rato
Que o dono não deixa comer.

Valerá a pena receber o Mundo?
Valerá a pena viver a fundo
Um Mundo que vai acabar?

Comigo morre aquela tarde,
Aquela flor,
Aquele mundo...
Não.

Com contenção,
A morte é só o fim do que não foi assim tão bom.


Vieira McNeal

3 Comments:

Blogger soledade said...

As imagens são lindas, encenando o jogo da indagação íntima, e "desaguam" exemplarmente na 3ª estrofe. Depois, o anticlimax da última estrofe, - reconciliação com a vida. Bem bonito, o poema!

Olha:

«E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.»

(Manuel Bandeira)

6:13 PM  
Blogger AlguemQueNaoEu said...

Obrigado pelo comentário.. Dá sempre uma força...
Vou continuar a por aqui poemas que já tenho escritos há alguns anos, e outros que vou escrevendo agora. Qualquer dia gostava de falar pessoalmente sobre estas questões que, apesar da idade que não o merece, tanto me atormentam. Mais uma vez obrigado :)

4:40 AM  
Blogger soledade said...

A idade não tem nada a ver. Olha, não sou especialista, como me chamaste, mas reconheço a qualidade quando a encontro. Acho que não deves parar. Escreves realmente bem! Ainda: eu não tenho respostas, sabes? Para a vida, cada um encontra as suas. Mas gostarei de falar contigo, estou certa disso :) Quando quiseres.

3:14 PM  

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